“Para uma sociedade sustentável”

Reflexão do Espaço Amarelo sobre a

13a Semana de Museus:

“Para uma sociedade sustentável”

 

A 13a Semana de Museus selecionou três temas relativos à sustentabilidade: ambiental, econômico e sociocultural. Considerando que estes aspectos se entrelaçam nos processos do fazer museológico na busca de um aperfeiçoamento da gestão da sustentabilidade, torna-se oportuno considerar a importância da reflexão sobre os temas sob uma perspectiva holística das ações realizadas no Espaço Amarelo e Museu Xingu.

 

A gestão museológica envolve diversas variáveis que costumam acontecer concomitantemente em termos ambientais, econômicos e socioculturais, por vezes funcionando como um sistema de retroalimentação. Por exemplo, uma iniciativa ambiental pode favorecer uma questão econômica, sociocultural e vice-versa. Esses fatores se inter-relacionam, se inter-posicionam no processo da sustentabilidade na vida do museu, como as problemáticas que merecem decisões para melhorias constantes previstas no dia a dia museológico.

Aqui a equipe do Espaço Amarelo apresenta algumas de suas ações que atenderam aos temas propostos. Por exemplo, foi  notada uma demanda ambiental referente à reserva técnica que guarda a coleção IAED.  O ambiente da reserva vinha aquecendo-se mais do que o esperado, em função da insolação sobre a laje, fazendo com que o ar condicionado sobrecarregasse o sistema para refrigerar o ambiente, colocando o acervo em risco. Para tal problemática a equipe encontrou uma solução econômica: resolveu implantar uma cobertura de lona de polipropileno (a qual protege dos raios ultravioletas e infravermelhos) sobre a laje, evitando  a radiação solar incisiva sobre o teto da Reserva Técnica e desta maneira diminuindo consideravelmente a irradiação térmica. O ar condicionado voltou a funcionar normalmente e a umidade relativa do ar se estabilizou. Esta ação ambiental favoreceu diretamente aspectos econômicos, pois reduzimos o aumento de uso da energia elétrica, e indiretamente favoreceu o aspecto sociocultural, pois em termos de salvaguarda, o acervo se manteve protegido; e todavia destinado à visibilidade em mostras e exposições promovidas pelo nosso espaço cultural. A implantação da lona também permitiu um sistema de captação da água da chuva, atendendo a escassez de água que temos presenciado, contribuindo para a sustentabilidade da casa e do meio ambiente.

Outra atividade da gestão que favoreceu principalmente o aspecto econômico e depois o sociocultural da sustentabilidade foi a troca de lâmpadas de iluminação do espaço expositivo e museológico. Foram retiradas as lâmpadas incandescentes e dicroicas e colocadas lâmpadas LED no lugar, além de serem mais econômicas, não emitem raios ultravioletas ou infravermelhos, favorecendo a diminuição de gastos econômicos do Espaço Amarelo, contribuem para proteção das obras e a melhoria do ambiente expositivo. Foram elegidas lâmpadas amarelas e brancas, onde as brancas  favorecem maior visibilidade das cores tratando de suas purezas, enquanto as amarelas contribuem para uma atmosfera cênica. A mescla dessas duas naturezas de luz contribuiram para a melhoria da configuração do espaço expositivo, onde atualmente ocorre a sexta ocupação do projeto “Sobre um nome não dado, fronteiras devidas”, um projeto que trata de questões da inovação expressiva nas artes contemporâneas.

Além do espaço expositivo, temos o Museu Xingu, uma exposição permanente da coleção irmãos Villas Bôas que também foi favorecida pela troca das lâmpadas.

O Museu Xingu oferece aos  visitantes, além da oportunidade de conhecerem nossas raizes culturais, sugere que o visitante contribua para a conservação da coleção, através de uma doação financeira voluntária onde o valor é estipulado pelo próprio visitante. Fato interessante e memorável, foi o auxílio que podemos dar ao amigo indígena Yutá, da etnia Mehinako-Utawana, para comprar uma rede de pesca para ser utilizada durante o ritual do Kuarup que se passa na Parque Nacional do Xingu. Graças à contribuição da caixinha dos “amigos do museu”, a cultura indígena foi favorecida, sua comunidade e alimentação; e de certa maneira a manutenção das tradições indígenas como o Kuarup, ritual tão emblemático para a cultura indígena da região.

Vemos nestes fatos, a questão econômica e sociocultural, além de ambiental agindo em um processo de retroalimentação e potencializando a vida do Espaço Amarelo como um todo, para com a sociedade, a cultura e as artes.

A Casa Amarela como um todo, que congrega o Espaço Amarelo, o Museu Xingu, o acervo IAED, um Café e a loja Ponto Solidário, o qual pratica o comercio justo e difunde a produção regional de arte popular e artefatos indígenas do Brasil, está contribuindo para a sustentabilidade e está de acordo com o tema sugerido pela 13a Semana de Museus.

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